Gado Canastreiro



Queijo Canastra – Sua origem e suas peculiaridades

Uma das iguarias mais famosas da região da Serra da Canastra é o “Queijo Canastra”, feito do leite de rebanhos ali existentes que se diferencia pela enorme heterogeneidade da alimentação vinda do Cerrado Brasileiro. A fabricação do queijo Canastra teve início há mais de dois séculos, e, em maio de 2008, o queijo foi contemplado com o registro de bem imaterial do país, pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), acentuando ainda mais sua importância para o Estado de Minas Gerais.
A pastagem natural do alto da serra, as águas cristalinas, a altitude de mais de 900m, o clima e o tipo de gado são os responsáveis pelo delicioso e peculiar sabor do queijo produzido nesta região. Mas não é só isso. Qual seria a composição botânica da pastagem e da dieta destes bovinos em pastejo nas áreas naturais do Cerrado Brasileiro?
O Cerrado apresenta fitofisionomias (a aparência e a estrutura da planta) que englobam formações florestais, savânicas e campestres, caracterizando assim sua enorme diversidade vegetal e de ecossistemas. Eles podem variar em função da estrutura vertical e horizontal da vegetação, bem como em relação ao tipo de ambiente em que se encontram. Particularidades ambientais como a presença do lençol freático mais profundo ou mais alto, podem interferir na fisionomia das plantas, tornando raros os arbustos e ausência completa de árvores. Sendo encontradas as Matas Ciliares e Matas de Galerias somente às bordas dos olhos d’água nas encostas das Chapadas, onde assim o gado pode matar sua sede e encontrar sombra.

Geralmente estes campos em altitudes acima de 900 metros, se encontram em áreas de ventos constantes, dias quentes, noites frias, onde a disponibilidade de água para a vegetação é bastante restrita. Contudo as plantas expostas a grande energia solar produzem a fotossíntese acumulando açucares e gorduras em suas folhas, base da alimentação do gado leiteiro e do leite extraído do mesmo dando sua característica especial ao bom queijo. Destaca-se aqui também a alta capacidade regenerativa do Cerrado em função da ocorrência de queimadas, que são freqüentes em determinadas épocas do ano, e, a sua rebrota favorece a alimentação do rebanho.
Nas pastagens nativas as partes das plantas ingeridas pelo gado variam de uma espécie para outra, não sendo somente folhas, mas desde os frutos até as flores. Os animais exploram a variabilidade de recursos forrageiros por meio do pastejo seletivo, escolhendo dieta de valor nutritivo maior do que a vegetação média disponível. Esse comportamento seletivo depende de uma série de fatores ligados à planta e ao animal. Os fatores ligados ao animal determinam a preferência e os fatores ligados à planta determinam um componente alimentar que tem propriedades que os animais detectam antes e após a ingestão. Trata-se das características sensoriais e nutricionais, respectivamente.

 As espécies forrageiras consideradas nativas mais comuns são o capim meloso ou gordura (Mellinis minutiflora), jaraguá ou provisório (Hipharrenia rufa) e a grama nativa conhecida como capim fino ou barba de bode. A vegetação arbórea do cerrado da região é marcada por espécies como a lobeira (Solanum lycocarpum), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), peroba rosa (Aspioderma pyrifolium), ipês branco, amarelo e rosa (Tabebuia sp), pequi (Cariocar brasiliense), quaresmeira (Tibouchina sp), cagaita (Eugenia dysenterica), angico (Parapiptadenia rigida), aroeirinha (Lythraea molleoides), marmelada (Alibertia sessilis), mangaba, gabiroba, entre outras.

 Para caracterizar todos os aspectos da produção do “Queijo Canastra” ainda encontramos a raça do gado, que originalmente predominava o Caracu por ser mais resistente ao clima e as condições ali encontradas, passando-se com o tempo para os animais zebuínos de sangue Gir. Com o aparecimento das raças européias, principalmente o holandês, tornou-se comum no rebanho bovino da Serra da Canastra a produção de leite a partir de animais cruzados entre estas raças – mestiço; o que faz com que teor de gordura seja próximo de 3%, o que permite bom rendimento na produção artesanal do mais famoso do queijo do Brasil.

Conrado Oliveira de Pádua Andrade
Turismólogo – Compadres Turismo

Letícia Rodrigues Fonseca Andrade
Engenheira Agrônoma – Especialista Qualidade de Leite

Fotos: João Bauvoi 
Agente de viagens, empresário e fotógrafo amador

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O queijo e a Lei

O queijo e a Lei
                                                                                                                                     Por JR Guzzo

Estaria a presidente Dilma Rousseff violando a lei se comesse uma fatia de queijo de minas? É perfeitamente possível que sim, pois ela tem de obedecer ao que o governo permite ou proíbe que os brasileiros ponham na boca ao fazer uma refeição. Pelo bom-senso mais elementar, a presidente da República deveria ter o direito de comer em paz o seu queijo — sem precisar, antes, consultar o advogado-geral da União para saber se isso está ou não dentro da legalidade. Mas o Brasil é o Brasil. Aqui, entre outros prodígios da lei, um papagaio tem de ser submetido a autópsia quando morre, para esclarecer suspeitas de alguma infração sanitária — e num país onde se exige um negócio desses, e as autoridades entendem que só existem dois tipos de coisas na vida, as obrigatórias e as proibidas, sempre é bom perguntar tudo. No caso do queijo mineiro, por exemplo, nada é tão simples como parece. A rigor, ele praticamente não pode ser comido fora do território de Minas Gerais, pois tem de respeitar o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal — e cumprir as exigências feitas ali, ao longo de 900 artigos, é mais do que promete a força humana.


Acredite-se ou não, o regulamento foi criado por um decreto do presidente Getúlio Vargas, em 1952, e está em vigor ate" hoje, como lembrou recentemente o suplemento de comida de O Estado de S. Paulo. Na verdade, é nele que se sustenta toda a fiscalização atual dos alimentos que vêm de qualquer bicho existente sobre a face da Terra — piorada, é claro, pelo tsunami de novas regras criadas de lá para cá. É uma coisa tão velha que só os brasileiros com mais de 60 anos de idade tinham nascido quando o decreto começou a valer. É, também, um momento inesquecível do "estado" brasileiro em ação — esse "estado" que pretende saber tudo o que é melhor para você. O regulamento em questão, por exemplo, achou necessário explicar o que é um queijo — um produto de "formato cilíndrico", com "untura manteigosa" e dotado de "buracos em cabeça de alfinete". É uma sorte, realmente, que o governo tenha pensado nisso: graças à sua sabedoria, nenhum cidadão corre hoje o risco de ver um queijo e não saber o que é aquilo. O problema real começa quando os escreventes da administração pública decidem o que se pode fazer ou não com um queijo canastra, digamos, e uma porção de outras coisas boas.

Para sair de Minas, o queijo tem de receber um carimbo de autorização do SIF, ou Serviço de Inspeção Federal, que faz pane do Mapa, ou Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e não incomodar a Anvisa, ou Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que é do MS, ou Ministério da Saúde; também precisa fazer o que manda o Dipoa. ou Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, e o Sisbi-Poa, ou Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, ambos do mesmo Mapa, e obedecer à vigilância sanitária das prefeituras. Deu para entender? Tanto faz. Mesmo que entendam, os pequenos produtores — de cujas queijarias sai quase todo o queijo mineiro que merece ser chamado assim — não têm a menor condição de cumprir as exigências de uma manada de burocratas desse tamanho. O resultado é que nos grandes centros consumidores o produto legítimo de Minas quase só pode ser encontrado no comércio clandestino: os supermercados e o varejo legalizado não se arriscam a comprar queijo "informal". Os produtores artesanais deixam de ganhar milhões de reais por ano, pois não conseguem vender o volume que poderiam. Os consumidores deixam de comprar, pois não conseguem achar à venda o queijo que querem comer. Quem ganha alguma coisa com isso?

Por causa desse mesmo sanatório geral, os restaurantes brasileiros estão proibidos de servir frango ao molho pardo, ou galinha de cabidela. Não podem matar, eles mesmos, o frango e separar na hora o sangue, ingrediente essencial da receita. Têm de comprar frango oficial, nos abatedouros oficiais — e ali é proibido vender sangue fresco. (Não está claro se o cidadão pode comer um frango ao molho pardo feito na cozinha da própria casa.) As patrulhas da Anvisa também proíbem a fabricação de goiabada, ou qualquer outra coisa, em tachos de cobre, como sempre se fez no Brasil. Não permitem, além disso, o uso de colheres de pau na preparação de alimentos, e mostram-se indiferentes ao fato de que 70% de tudo o que se come no Brasil vem dos pequenos produtores — os menos capazes de cumprir as ordens do governo. Preste atenção no que anda comendo, presidente Dilma. Pode ser ilegal.

TEXTO PUBLICADO EM MEMÓRIA DE MEU AMIGO PELÉ DOS QUEIJOS

Descanse em paz..

Informações Turísticas - Iguatemi Queijos e Doces

Foi inaugurado neste final de semana, um painel de informações turísticas no Iguatemi Queijos e Doces. Localizado no km 383 da rodovia MG-050, no município de Pratápolis-MG, o Iguatemi é um ponto estratégico de parada para quem visita o Lago de Furnas, nosso doce mar de minas, e o Parque Nacional da Serra da Canastra -  vindos de São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto. A loja do Iguatemi é uma conveniência, além de encontrar uma infinidade de produtos mineiros e artesanato. Na entrada foi instalado um painel com um grande mapa regional, contendo distâncias rodoviárias, pontos turísticos, estradas e telefones úteis, para  que as pessoas se sintam orientadas e tenham dias memoráveis em nossa região! É a Compadres Turismo trabalhando para o crescimento do turismo regional!


Os últimos serão os primeiros? Claudio de Moura Castro

Quando Mares Guia virou ministro do Turismo, eu trabalhava no grupo educacional do qual é sócio. Sendo um praticante inveterado de turismo de aventura, nada mais natural do que recomendar a ele que incentivasse essa modalidade. Contrasta nosso enorme potencial com um vergonhoso atraso nessa área.
Fui deixado para trás pelo guia subindo a cratera do Vulcão Villarrica (no Chile)onde recentemente morreu um brasileiro. Nevoeiros e uma iminente nevasca logo se materializaram. Sobrevivi, mas acendeu uma luz amarela. Os nossos guias, em sua maioria, eram ainda mais bisonhos. Catástrofes pairavam a cada curva, os acidentes cresciam. Corri ao ministro, pedindo para esquecer minhas perorações. Em vez disso, que tentasse profissionalizar o setor.
Não é segredo, isso requer treinar, treinar e treinar, tanto guias como empresas. Mas, em um setor tão frágil e descosido, preço baixo é tudo. Daí, pagar-se pouco aos guias, em vez de exigir competência. Era assim com meu guia no Chile, e no Brasil, igual. O profissionalismo ainda não é valorizado pelos clientes, portanto, nem pelas empresas. Sendo assim, na ausência de uma real demanda por treinamento, os cursos pouco iriam mudar o panorama. Na prática internacional, atividades com risco exigem certificação, pois obrigam ao treinamento, que garante um padrão mínimo de desempenho. Em conversas com o Instituto de Hospitalidade surgiu uma ideia meio amalucada. Por exercer uma atividade crítica, um soldador de oleoduto precisa ter certificado ISO (ou ABNT, sua parceira nacional). Portanto, precisa estar conforme às normas ISO de qualidade, tal como isoladores, óleo lubrificante e fio elétrico. Ora, como o turismo de aventura também pode ser perigoso, por que não criar normas ABNT para condutores e empresas? Ou seja, usar o sistema de normas industriais para certificar guias.
Trata-se de pegar carona na maquinaria que certifica os produtos das maiores empresas mundiais. Consultada, a ABNT indicou a necessidade de criar um comitê para preparar normas, formado pelas forças vivas do setor. Não havendo associações de empresas, foi necessário criar uma. Merce do esforço de Gustavo Timo, nasceu então a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), começando com um punhadinho de companhias.
A proposta cresceu e frutificou. Foram criadas e aprovadas 25 normas, para as diversas modalidades de aventura e, no caso das empresas, para o gerenciamento do risco. Duas instituições certificadoras foram credenciadas pelo Inmetro.
Para decolar, a certificação foi patrocinada e financiada pelo ministério, pois, para as empresas, não passaria de um custo sem retorno. Quando os clientes começarem a perceber que o serviço certificado é melhor e mais seguro, só então vai se criar uma demanda espontânea por certificação. Alvíssaras! O mercado acaba de sinalizar uma mudança de patamar: a CVC anunciou que exigirá a certificação ABNT das empresas terceirizadas que vier a contratar. Sem certificação, nada de contrato.
Somos fraquinhos no mundo do turismo de aventura. Ainda é precário o que oferecemos aos 6 milhões que se embrenham nas matas, nas montanhas ou nas águas. Mas pelo menos começamos a melhorar.
Curiosamente, criada inicialmente para satisfazer uma exigência da ABNT, a Abeta ganhou vida própria. Hoje, ela tem mais de 300 empresas associadas. São quase 100 instituições certificadas; outras tantas estão em processo de certificação.
Argentina e Chile, muito mais experientes que nós, assistiram a um evento da Abeta e gostaram da ideia. No ano seguinte, os americanos vieram e se surpreenderam. Faz pouco, a ficha caiu. Como cada país tem seu sistema, não há padrão internacional, não há como comparar, não há como saber se uma empresa merece confiança. Por que não uma norma internacional ISO para o turismo de aventura? E quem cuidaria disso? Obviamente, o único país que investiu nesse caminho: o Brasil, Portanto, junto com a Inglaterra, nosso país secretaria o comitê ISO que está preparando as normas internacionais (provavelmente, uma adaptação das brasileiras). Quem diria, no processo de criação das normas mundiais, um país vira-lata do turismo de aventura se transforma no modelo e líder!

Fonte: Revista Veja 


Novo mapa da Canastra

Este é o novo mapa que está sendo proposto para a Serra da Canastra pelo Senado Federal.
Vamos acompanhar de perto o desenrolar desta "novela" que já se arrasta desde 1972.
Esperamos que os "canastreiros" sejam respeitados assim como está sendo as mineradoras...
O Cerrado e a Canastra agradecem.

Brasil tropeça em oferecer estrutura básica para turistas

Campeão em hospitalidade, o Brasil ainda tropeça em oferecer estrutura básica para os 5,1 milhões de turistas estrangeiros que vieram ao país em 2010. Pesquisa do Ministério do Turismo revela que os turistas de outras nacionalidades colocam a sinalização para visitantes, as rodovias e a internet entre os piores itens avaliados.
A pesquisa colheu 39 mil entrevistas, entre janeiro e outubro do ano passado. Eles foram abordados em salas de embarque de 15 aeroportos internacionais e postos da Polícia Federal em saídas de 12 fronteiras terrestres.
De acordo com o levantamento, as maiores aprovações são para hospitalidade (97,8% de bom e muito bom), gastronomia (95,5%) e alojamento (94%).
A sinalização para turistas (76,5%), telefonia e internet (73,8) e rodovias (66%) são as piores avaliações. Em último lugar estão os preços oferecidos aos turistas (59,9%) esse número, porém, muda conforme a cotação do dólar.
O aumento da demanda pelos aeroportos brasileiros nos últimos anos, que causou um apagão no setor, não foi uma influência determinante durante a viagem de estrangeiros para o país.
Os aeroportos receberam avaliação de bom e muito bom de 81% dos turistas em 2010 apenas quatro pontos percentuais menos do que em 2004, quando o setor não enfrentava demanda interna tão alta.
A expectativa do governo é melhorar a infraestrutura turística até 2014, quando são esperados 600 mil estrangeiros durante a Copa do Mundo. Hoje, contudo, a contribuição do esporte para o turismo é pífia: 1,7% dos estrangeiros vieram ao país por esse motivo. A praia brasileira ainda é a principal atração (60%), seguida do turismo de natureza (26%), entre os que vieram ao país por lazer.
 Fonte: Folhapress